quinta-feira, 11 de novembro de 2010

De derrotas e vitórias!!!



Parafraseando Tolstoi (em Anna Karenina), toda vitória é igual, mas cada derrota é uma derrota especial ao seu modo.

Ano passado, quando disputamos a reitoria, perdemos para um grupo consistente de professores e alunos, com história de dedicação inequívoca à UNESC. Os professores Gildo e Fiori são doutores, com bom currículo acadêmico e profissional. Ao nos apresentarmos como oposição na eleição, enunciamos um projeto de Universidade diferente, apenas isso. A vitória de Gildo e Fiori não trazia embutida nenhuma nuvem cinza sobre o futuro do projeto institucional.

A derrota de ontem é bem diferente. A chapa que nos derrotou fez um discurso regressivo, no conteúdo e no método. Isto vai ter impacto no médio e longo prazo sobre o projeto pedagógico do curso.

Mas, que não se ponha a culpa na democracia como sistema de escolha dos dirigentes. Numa hora dessas, no calor dos acontecimentos, todos nós podemos querer nos associar às críticas de Platão ao governo do povo, que viu seu querido mestre Sócrates ser condenado à morte num tribunal da Atenas democrática (o tribunal dos 500 cidadãos) apenas por exercer o livre pensamento.

Apesar da frustração pessoal, não responsabilizo o voto igual para todos pelo que aconteceu ontem. A chapa vencedora contou internamente com apoio de alunos, mas também de professores. Não foram apenas os alunos que endossaram a denúncia falsa de que havíamos perdido o selo OAB Recomenda, grave por ser falsa, grave por demonstrar falta de capacidade de análise de dados relevantes e grave por mostrar que, para ganhar uma disputa, vale até jogar a imagem do curso onde se trabalha na lama.

A derrota de ontem foi, mais que uma derrota para um discurso bem elaborado ou uma proposta de curso diferente ou outra coisa que o valha, uma derrota para o PODER. Poder complexo, multifacetado, interno e externo, público e oculto. É a segunda vez que vejo isso acontecer. Quando era aluno da UNISUL, por volta de 1993, lá se construía um curso crítico de direito, em tudo parecido com o nosso. Uma eleição fraudada e um ano de intervenção da Reitoria acabaram com tudo aquilo.

Quem se dispõe a botar a cara à tapa numa disputa política, tem que saber que às vezes se ganha e às vezes se perde. Por 14 anos estivemos à frente. É hora de passar o bastão. Talvez o argumento “bicicletinha” seja o mais importante mesmo. (explico: ouvi em algumas salas: “são só três anos, deixem ele coordenar um pouco”).

Parabéns ao professor Alfredo pela vitória. Parabéns aos alunos e professores que o apoiaram explicitamente, defendendo suas idéias publicamente. Sempre respeitarei as pessoas que se posicionam. Desejo que possam fazer uma boa gestão, pois não sou da torcida do contra. Este curso nunca sairá do meu currículo e da minha vida.

A gravura acima, de Gustav Doré, é uma gravura que ilustra a obra Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Nesta obra, os personagens principais são o “cavaleiro da triste figura” e seu fiel escudeiro Sancho Pança. O primeiro, um idealista, que sai pelo mundo para defender as donzelas em perigo, combater injustiças e granjear fama para poder retornar à sua terra e conquistar sua musa, Dulcineia Del Toboso. O segundo, é racional e pragmático. Uma grande e linda metáfora da condição humana.

Chegou nossa hora de descer do cavalo Rocinante e ser mais Sancho Pança. Pra mim, este é o único sentido que extraio dos fatos. E “contra fatos não há argumentos”, dizia nosso querido candidato a adjunto. É, é verdade que contra fatos não há argumentos, mas também é verdade que contra fatos há o PODER.

Um obrigado muito especial a todos os professores e alunos que acreditaram em nós, que lutaram educadamente por um ideal. A luta sempre continuará e no fundo a vida é apenas isso mesmo. Aproveitemo-la enquanto é tempo.

Autor: Profº Carlos Magno
Fonte: http://blogdoprofcarlosmagno.blogspot.com/ acesso em 11/11/10

Um comentário:

  1. Olá Carlos, é com grandes lamentos que endosso suas palavras, pois a condução de um curso de qualidade como é o nosso prescinde de profissionais como vocês. Estou afastada por enquanto, aguardando o tão esperado mestrado, mas minha filha está aí, cheia de expectativas em relação ao curso, do qual vislumbrávamos que continuasse sendo cordenado com qualidade.

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